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Informativo importante => Havia um link maldoso que direcionava o Blog para outro site, e há tempos estou tentando resolver. Consegui!!! Está de volta!!!! ★

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O poder da palavra imperativa - Pe. Fabio de Melo (16/09/08)


Imperar é atributo que sugere poder. O imperador comanda o império, rege com autoridade. Imperativo é tudo o que ordena, o que governa. Na linguagem temos os verbos imperativos. São aqueles que dão ordens. Sempre que os leio escuto gritos, vozes querendo me convencer do conteúdo que sugerem. O verbo é a casa da ação. Dele se desdobram movimentos. Verbos mobilizam os sujeitos. É a regra da gramática, mas é também a regra da vida. Penso nas palavras que me ordenam. Quero compreender a razão de gritarem tanto sobre os meus ouvidos e de me moverem para a vida que vivo. A interpretação que faço do mundo passa pelos verbos que imperam sobre mim. Por isso, a qualidade da vida depende dos verbos que imperam sobre ela. Gosto de conjugar o verbo “amar” no imperativo – “Ame!”
Não há necessidade de complementos. Ame este ou aquele. Ame agora ou depois. Não há justificativas. É só amar. É só seguir a ordem que o verbo sugere. “Ame!” Repito.
Não escuto gritos, mas uma voz mansa com poder de conselho. Voz que reconheço ser a de Jesus a me conduzir por um caminho seguro que me fará viver melhor. “Ame!” Ele repete! “Ame!” Ele aconselha.
Tenho aprendido que o amor é o melhor jeito de responder às questões do mundo. Experimento isso na carne. Eu fico melhor cada vez que amo. Digo isso como homem religioso que sou. A religião é a casa do amor, assim como o verbo é a casa da ação. Se não é, não é religião. É esconderijo onde acomodamos nossa hipocrisia. É lugar onde justificamos nossas intolerâncias. É guerra fria que fazemos em nome de Deus. Eu ainda acredito que o amor é a religião que o mundo precisa. Jesus ensinou isso. Morreu por crer assim. Elevou à potência máxima o imperativo do amor, e não fugiu das consequências. Tenho medo quando nos especializamos em qualificar as pessoas como boas ou ruins, em nome da religião. Tenho medo de deixar que outros verbos imperem sobre minha vida. Verbos que excluem, abandonam, jogam fora e que condenam a partir de aparências... É nesta hora que eu me recordo do imperativo de meu Mestre - “Ame!” E só assim eu descanso. Eu sei que você também costuma se perder em tantas realidades desta vida. Eu sei que o seguimento de Jesus costuma nos colocar em encruzilhadas, porque não há seguimento sem escolhas. É natural que nasçam dúvidas e a gente se pergunte – E agora? Como ser de Deus no meio de tantas realidades contrárias? Como manter o olhar fixo no que cremos sem que a gente precise cometer o absurdo de desprezar os que creem diferente de nós?Nem sempre conseguimos acertar, fazer da melhor forma.
Quer um conselho? Ame!

O poder da palavra imperativa - Pe. Fabio de Melo (16/09/08)


Imperar é atributo que sugere poder. O imperador comanda o império, rege com autoridade. Imperativo é tudo o que ordena, o que governa. Na linguagem temos os verbos imperativos. São aqueles que dão ordens. Sempre que os leio escuto gritos, vozes querendo me convencer do conteúdo que sugerem. O verbo é a casa da ação. Dele se desdobram movimentos. Verbos mobilizam os sujeitos. É a regra da gramática, mas é também a regra da vida. Penso nas palavras que me ordenam. Quero compreender a razão de gritarem tanto sobre os meus ouvidos e de me moverem para a vida que vivo. A interpretação que faço do mundo passa pelos verbos que imperam sobre mim. Por isso, a qualidade da vida depende dos verbos que imperam sobre ela. Gosto de conjugar o verbo “amar” no imperativo – “Ame!”
Não há necessidade de complementos. Ame este ou aquele. Ame agora ou depois. Não há justificativas. É só amar. É só seguir a ordem que o verbo sugere. “Ame!” Repito.
Não escuto gritos, mas uma voz mansa com poder de conselho. Voz que reconheço ser a de Jesus a me conduzir por um caminho seguro que me fará viver melhor. “Ame!” Ele repete! “Ame!” Ele aconselha.
Tenho aprendido que o amor é o melhor jeito de responder às questões do mundo. Experimento isso na carne. Eu fico melhor cada vez que amo. Digo isso como homem religioso que sou. A religião é a casa do amor, assim como o verbo é a casa da ação. Se não é, não é religião. É esconderijo onde acomodamos nossa hipocrisia. É lugar onde justificamos nossas intolerâncias. É guerra fria que fazemos em nome de Deus. Eu ainda acredito que o amor é a religião que o mundo precisa. Jesus ensinou isso. Morreu por crer assim. Elevou à potência máxima o imperativo do amor, e não fugiu das consequências. Tenho medo quando nos especializamos em qualificar as pessoas como boas ou ruins, em nome da religião. Tenho medo de deixar que outros verbos imperem sobre minha vida. Verbos que excluem, abandonam, jogam fora e que condenam a partir de aparências... É nesta hora que eu me recordo do imperativo de meu Mestre - “Ame!” E só assim eu descanso. Eu sei que você também costuma se perder em tantas realidades desta vida. Eu sei que o seguimento de Jesus costuma nos colocar em encruzilhadas, porque não há seguimento sem escolhas. É natural que nasçam dúvidas e a gente se pergunte – E agora? Como ser de Deus no meio de tantas realidades contrárias? Como manter o olhar fixo no que cremos sem que a gente precise cometer o absurdo de desprezar os que creem diferente de nós?Nem sempre conseguimos acertar, fazer da melhor forma.
Quer um conselho? Ame!

Eu e o meu melhor amigo - Pe. Fabio de Melo


Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói...



O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta-feira. O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais; morreu porque não sabia mentir.
O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível. Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaqueu, doutores por Mateus. Não se preocupava com o que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.
Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças para chegar.
O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu, certa vez, também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora em que não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando para ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.
Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes... e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na Sexta-feira Santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente! E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama, de verdade, leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna... e a gente vai ressuscitando aos poucos...
Hoje, eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei de que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer disso. As pessoas olham para mim... eu espero que elas não me vejam... eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim.

Padre Fábio de Melo

Artigos- Canção Nova

10/08/2006 - 09h38

Eu e o meu melhor amigo - Pe. Fabio de Melo


Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói...



O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta-feira. O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais; morreu porque não sabia mentir.
O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível. Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaqueu, doutores por Mateus. Não se preocupava com o que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.
Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças para chegar.
O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu, certa vez, também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora em que não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando para ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.
Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes... e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na Sexta-feira Santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente! E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama, de verdade, leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna... e a gente vai ressuscitando aos poucos...
Hoje, eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei de que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer disso. As pessoas olham para mim... eu espero que elas não me vejam... eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim.

Padre Fábio de Melo

Artigos- Canção Nova

10/08/2006 - 09h38

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Pe. Fábio: Cristianismo mal vivido

Padre Fábio de Melo em entrevista (no Acampamento de Pentecostes - maio/2008), fala sobre as consequências do cristianismo mal vivido e a desagregação da espiritualidade da vida cotidiana.







http://www.webtvcn.com/?id=78681


Site WEBTVCN

Pe. Fábio: Cristianismo mal vivido

Padre Fábio de Melo em entrevista (no Acampamento de Pentecostes - maio/2008), fala sobre as consequências do cristianismo mal vivido e a desagregação da espiritualidade da vida cotidiana.







http://www.webtvcn.com/?id=78681


Site WEBTVCN

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Não Pense duas vezes... (Pe. Fabio de Melo)

A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.

Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.

Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes.

Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.

Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.

Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira.

Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas. O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas.

O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.

Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.

A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.

E então sorrio, como quem sabe, que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos ?
Merece um sorriso? Não pense duas vezes...

Padre fabio de Melo

Não Pense duas vezes... (Pe. Fabio de Melo)

A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.

Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.

Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes.

Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.

Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.

Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira.

Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas. O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas.

O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.

Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.

A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.

E então sorrio, como quem sabe, que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos ?
Merece um sorriso? Não pense duas vezes...

Padre fabio de Melo

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Tudo Posso - Padre Fabio de Melo

Tudo Posso (letra da música) - Cd Vida



Tudo Posso - Padre Fabio de Melo

Tudo Posso (letra da música) - Cd Vida



terça-feira, 9 de setembro de 2008

Fábio de Melo: padre no altar e padre no palco - Entrevistas - 25 de Fevereiro de 2006


Fábio de Melo: padre no altar e padre no palco

Boa pinta, jeito de artista de novela ou cantor de televisão, o padre Fabio de Melo vai conquistando o seu espaço na mídia, apesar do sucesso não desvia do verdadeiro ministério a que foi vocacionado: uma preocupação que não passa despercebida nesta entrevista que o mais jovem dos padres-cantores concedeu.
- Como e quando começou a vocação de cantor? Isto aconteceu antes ou depois da vocação de consagrado?
Pe. Fábio de Melo – Desde criança sempre gostei de música. Na minha vida tem a mesma função que tem no desenho animado. Sem ela não saberemos entender a cena. A música é o elemento que nos direciona para a interpretação mais acertada dos fatos.
- O senhor já foi tentado a largar a vida de consagrado para seguir uma vida de artista secular?
Pe. Fábio de Melo – Não. Mesmo porque sempre tive muita certeza do que queria. Deus me deu a graça de conciliar tudo o que sou com tudo o que Ele queria que eu fosse. Sempre inventam histórias a nosso respeito. Ser público consiste em sofrer na carne as invenções dos outros. É lamentável que estas conversas surjam assim do nada. Por vezes, nós cristãos criticamos a mídia que sobrevive da fofoca, mas acabamos reproduzindo em nosso meio a mesma postura.Minha vida sacerdotal é minha realização. Nunca pensei em desistir dela. Se um dia isso vier a me acontecer saberão por mim mesmo. Não quero informantes da minha vida, mas participantes, gente que me ajude a ser padre, que reze por mim e que não embarque nos comentários de quem não sabe fazer outra coisa, senão inventar histórias a respeito da vida de quem nem sequer conhece. Só isso. No mais, estou feliz. Recolho a dor e alegria de ser o que sou e de fazer o que faço.
- O senhor é um padre jovem, bonito e famoso. Quando sobe no palco as garotas gritam freneticamente. Qual é a sensação nesse momento?
Pe. Fábio de Melo – Encaro com naturalidade. A música católica sobrevive assim. Todos os que trabalham com música lidam com essa manifestação inicial. Quando começa o show é muito natural que as pessoas que estão ali se manifestem de alguma forma. O grito é a expressão da massa. Não há outra forma possível de se demonstrar o carinho que se tem pela pessoa que entrou no palco. Agora, quando percebo que os gritos não passam, então dou um jeito de mostrar que não estou ali para isso. O palco não é diferente do altar. Sou padre nos dois e para mim não há diferença. O padre que preside o mistério da Eucaristia é o mesmo que preside o mistério da canção, que também é uma forma de comunhão existencial, partilha, vida que nos torna irmãos.- A música é também um instrumento de evangelização.
Das músicas que o senhor gravou até hoje, na sua opinião, qual delas transmite mais este ensinamento?
Pe. Fábio de Melo – Gosto de dizer bem as coisas. Música para mim é uma oportuinidade de traduzir a teologia que amo tanto. O povo merece conhecer a verdade revelada, a face verdadeira de Deus, que é a misericórdia. Sempre que escuto alguém me dizer que Deus lhe falou através de uma canção composta por mim, chego à conclusão de que aquela música já cumpriu a sua missão, já valeu por ter sido feita. Por isso, é difícil identificar a que mais transmitiu algum bem às pessoas. Não quero ser injusto com minha obra nem tão pouco colocá-la acima do que ela é.
- São 90 milhões de católicos. Na sua opinião, por que é que se vende tão poucos CDs de música católica e também livros e revistas católicas, enquanto que as coisas do mundo, que são mais caras, vendem mais?
Pe. Fábio de Melo – Porque, infelizmente, a cultura religiosa não fez a ponte com a cultura popular. Hoje já vemos sinais de mudança. Estamos aprimorando a linguagem, desenvolvendo um jeito próprio de dizer as coisas, adotando o bom gosto e superando os estereótipos do sagrado. Não podemos mais permanecer na contramão. O bom gosto tem que tomar conta das nossas produções. O povo gosta de coisa bonita. E Deus também.
- Toda música tem uma história. Para o senhor, qual história teria uma música? E qual música?
Pe. Fábio de Melo – A arte é sempre uma forma de transformação alquímica. Uma tristeza sempre se reveste de beleza quando verdadeiramente experimentada. Eu não fujo do que me faz sofrer. Não tenho medo da dor; ao contrário, se tiver que sofrer eu quero sofrer até chegar ao ensinamento que na dor está latente. A música “Mais perto” nasceu assim. Ela é fruto colhido de uma dor sem tamanho. A música “Marcas do eterno” também. Sempre que alguém me pergunta “por que você fez essa música?” eu respondo: “não sei, porque se eu soubesse não a teria feito. A arte é um recurso que nos ajuda a dizer o que por natureza não pode ser dito.