quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Tudo é do Pai - Música
Fonte: You Tube por http://direcaoespiritual.blogspot.com
Eu pensei que podia viver por mim mesmo
Eu pensei que as coisas do mundo
Não iriam me derrubar
O orgulho tomou conta do meu ser
E o pecado devastou o meu viver
Fui embora, disse ao pai:
-dá-me o que é meu!
Dá-me a parte que me cabe da herança!
Fui pro mundo, gastei tudo, me restou só o pecado
E hoje eu sei que nada é meu
Tudo é do pai.
Tudo é do pai!
Toda honra e toda a glória,
É dele a vitória alcançada em minha vida.
Tudo é do pai!
Se sou fraco e pecador, bem mais forte é o meu senhor
Que me cura por amor!
Tudo é do Pai - Música
Fonte: You Tube por http://direcaoespiritual.blogspot.com
Eu pensei que podia viver por mim mesmo
Eu pensei que as coisas do mundo
Não iriam me derrubar
O orgulho tomou conta do meu ser
E o pecado devastou o meu viver
Fui embora, disse ao pai:
-dá-me o que é meu!
Dá-me a parte que me cabe da herança!
Fui pro mundo, gastei tudo, me restou só o pecado
E hoje eu sei que nada é meu
Tudo é do pai.
Tudo é do pai!
Toda honra e toda a glória,
É dele a vitória alcançada em minha vida.
Tudo é do pai!
Se sou fraco e pecador, bem mais forte é o meu senhor
Que me cura por amor!
Deus é Capaz - Música
Fonte : You Tube por http://direcaoespeiritual.blogspot.com
Letra
Deus é capaz de transformar tua vida
O impossível Ele fará porque és precioso aos Seus olhos
E se tiveres a coragem e a loucura de acreditar
Então irás provar que Ele pode muito mais
Deus é capaz de trocar reinos por ti
Abre mares para que possas atravessar
E se preciso fosse daria novamente a vida por ti
Deus só não é capaz de deixar de te amar
É preciso crer e se entregar sem medo
Ele nunca vai tirar a tua liberdade se não queres
Mas se te entregas sem reservas tua vida se transformará
Então irás provar que Ele pode muito mais...
Deus é Capaz - Música
Fonte : You Tube por http://direcaoespeiritual.blogspot.com
Letra
Deus é capaz de transformar tua vida
O impossível Ele fará porque és precioso aos Seus olhos
E se tiveres a coragem e a loucura de acreditar
Então irás provar que Ele pode muito mais
Deus é capaz de trocar reinos por ti
Abre mares para que possas atravessar
E se preciso fosse daria novamente a vida por ti
Deus só não é capaz de deixar de te amar
É preciso crer e se entregar sem medo
Ele nunca vai tirar a tua liberdade se não queres
Mas se te entregas sem reservas tua vida se transformará
Então irás provar que Ele pode muito mais...
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
O que da vida não se descreve...
13/11
O que da vida não se descreve...
Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"
Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser...
O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?
Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície.
Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.
Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve...
Fonte: Blog oficial Padre Fábio de Melo
O que da vida não se descreve...
13/11
O que da vida não se descreve...
Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!"
Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser...
O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?
Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície.
Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas.
Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve...
Fonte: Blog oficial Padre Fábio de Melo
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Quando o sofrimento bater à sua porta - Sofremos demais por aquilo que é de menos.
Sofremos demais por aquilo que é de menos
Sofrer é como experimentar as inadequações da vida. Elas estão por toda parte. São geradas pelas nossas escolhas, mas também pelos condicionamentos dos quais somos vítimas.
Sofrimento é destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna humanos. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido.
Perdemos boa parte da vida com sofrimentos desnecessários, resultados de nossos desajustes, precariedades e falta de sabedoria. São os sofrimentos que nascem de nossa acomodação, quando, por força do hábito, nos acostumamos com o que temos de pior em nós mesmos.
Perdemos a oportunidade de saborear a vida só porque não aprendemos a ciência de administrar os problemas que nos afetam. Invertemos a ordem e a importância das coisas. Sofremos demais por aquilo que é de menos. E sofremos de menos por aquilo que seria realmente importante sofrer um pouco mais.
Sofrer é o mesmo que purificar. Só conhecemos verdadeiramente a essência das coisas à medida que as purificamos. O mesmo acontece na nossa vida. Nossos valores mais essenciais só serão conhecidos por nós mesmos se os submetermos ao processo da purificação.
Talvez, assim, descubramos um jeito de reconhecer as realidades que são essenciais em nossa vida. É só desvendarmos e elencarmos os maiores sofrimentos que já enfrentamos e quais foram os frutos que deles nasceram. Nossos maiores sofrimentos, os mais agudos. Por isso se transformam em valores.
O sofrimento parece conferir um selo de qualidade à vida, porque tem o dom de revesti-la de sacralidade, de retirá-la do comum e elevá-la à condição de sacrifício.
Sacrifício e sofrimento são faces de uma mesma realidade. O sofrimento pode ser também reconhecido como sacrifício, e sacrificar é ato de retirar do lugar comum, tornar sagrado, fazer santo. Essa é a mística cristã a respeito do sofrimento humano. Não há nada nesta vida, por mais trágico que possa nos parecer, que não esteja prenhe de motivos e ensinamentos que nos tornarão melhores. Tudo depende da lente que usamos para enxergar o que nos acontece. Tudo depende do que deixaremos demorar em nós.
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Leia outros textos do mesmo autor
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Spinoza escreveu: “Percebi que todas as coisas que temia e receava só continham algo de bom ou de mau na medida em que o ânimo se deixava afetar por elas”. O filósofo tem razão. A alegria ou a tristeza só poderão continuar dentro de nós à medida que nos deixamos afetar por suas causas. É questão de escolha. Dura, eu sei. Difícil, reconheço. Mas ninguém nos prometeu que seria fácil.
Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá-los de uma forma diferente. Não aceite todo esse contexto de vida como causa já determinada para o seu fracasso. Não, não precisa ser assim.
Deixe-se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho. Sofrimentos não precisam ser estados definitivos. Eles podem ser apenas pontes, locais de travessia. Daqui a pouco você já estará do outro lado; modificado, amadurecido.
Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães – um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil. Diante daquela pequena história o aluno resolveu perguntar- E qual é o mais forte? O sábio respondeu – O que eu alimentar. O mesmo se dará conosco na lida como os sofrimentos da vida. Dentro de nós haverá sempre um embate estabelecido entre problema e solução. Vencerá aquele que nós decidirmos alimentar...
Padre Fábio de Melo
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.
11/11/2008 - 10h00
Fonte - Site Canção Nova
Quando o sofrimento bater à sua porta - Sofremos demais por aquilo que é de menos.
Sofremos demais por aquilo que é de menos
Sofrer é como experimentar as inadequações da vida. Elas estão por toda parte. São geradas pelas nossas escolhas, mas também pelos condicionamentos dos quais somos vítimas.
Sofrimento é destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna humanos. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido.
Perdemos boa parte da vida com sofrimentos desnecessários, resultados de nossos desajustes, precariedades e falta de sabedoria. São os sofrimentos que nascem de nossa acomodação, quando, por força do hábito, nos acostumamos com o que temos de pior em nós mesmos.
Perdemos a oportunidade de saborear a vida só porque não aprendemos a ciência de administrar os problemas que nos afetam. Invertemos a ordem e a importância das coisas. Sofremos demais por aquilo que é de menos. E sofremos de menos por aquilo que seria realmente importante sofrer um pouco mais.
Sofrer é o mesmo que purificar. Só conhecemos verdadeiramente a essência das coisas à medida que as purificamos. O mesmo acontece na nossa vida. Nossos valores mais essenciais só serão conhecidos por nós mesmos se os submetermos ao processo da purificação.
Talvez, assim, descubramos um jeito de reconhecer as realidades que são essenciais em nossa vida. É só desvendarmos e elencarmos os maiores sofrimentos que já enfrentamos e quais foram os frutos que deles nasceram. Nossos maiores sofrimentos, os mais agudos. Por isso se transformam em valores.
O sofrimento parece conferir um selo de qualidade à vida, porque tem o dom de revesti-la de sacralidade, de retirá-la do comum e elevá-la à condição de sacrifício.
Sacrifício e sofrimento são faces de uma mesma realidade. O sofrimento pode ser também reconhecido como sacrifício, e sacrificar é ato de retirar do lugar comum, tornar sagrado, fazer santo. Essa é a mística cristã a respeito do sofrimento humano. Não há nada nesta vida, por mais trágico que possa nos parecer, que não esteja prenhe de motivos e ensinamentos que nos tornarão melhores. Tudo depende da lente que usamos para enxergar o que nos acontece. Tudo depende do que deixaremos demorar em nós.
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Leia outros textos do mesmo autor
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Spinoza escreveu: “Percebi que todas as coisas que temia e receava só continham algo de bom ou de mau na medida em que o ânimo se deixava afetar por elas”. O filósofo tem razão. A alegria ou a tristeza só poderão continuar dentro de nós à medida que nos deixamos afetar por suas causas. É questão de escolha. Dura, eu sei. Difícil, reconheço. Mas ninguém nos prometeu que seria fácil.
Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá-los de uma forma diferente. Não aceite todo esse contexto de vida como causa já determinada para o seu fracasso. Não, não precisa ser assim.
Deixe-se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho. Sofrimentos não precisam ser estados definitivos. Eles podem ser apenas pontes, locais de travessia. Daqui a pouco você já estará do outro lado; modificado, amadurecido.
Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães – um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil. Diante daquela pequena história o aluno resolveu perguntar- E qual é o mais forte? O sábio respondeu – O que eu alimentar. O mesmo se dará conosco na lida como os sofrimentos da vida. Dentro de nós haverá sempre um embate estabelecido entre problema e solução. Vencerá aquele que nós decidirmos alimentar...
Padre Fábio de Melo
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.
11/11/2008 - 10h00
Fonte - Site Canção Nova
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Entrevista com Padre Fábio de Melo - Site Canção Nova
Entrevista com padre Fábio de Melo
Site Canção Nova - Portal Entrevistas
03/11/08
As múltiplas faces do sofrimento, sua natureza e a importância de assumi-lo são os assuntos abordados por padre Fábio de Melo em seu mais recente livro "Quando o sofrimento bater à sua porta". De acordo com o sacerdote, o sofrimento é destino inevitável, por ser fruto do processo que nos torna mais humanos.
O escritor, pregador, professor e músico ressalta que a obra não visa retirar a dor das pessoas, mas é uma forma de ajudá-las a encontrar um caminho, porque "ao sofrer de um jeito certo, sofremos menos, pois descobrimos uma sabedoria para lidar com a dor", destaca.
Nesta entrevista, ele também conta qual o significado da palavra "sofrimento" e "sacrifício" na vida de um sacerdote e o porquê de o homem moderno ser vítima de tantos infortúnios.
==============================================
cancaonova.com: Por que o senhor escolheu o sofrimento como tema deste livro?
Padre Fábio: Talvez porque eu tenha um contato tão direto com ele. Ser padre é, de alguma forma, ser psicólogo, porque as pessoas me procuram para contar suas dores. Escrever um livro falando disso é uma forma de fazer justiça, de fazer as pessoas buscarem caminhos que possam ajudá-las a sofrer com qualidade. O livro não retira o sofrimento de ninguém, mas é uma forma de ajudar as pessoas a encontrar um caminho, porque, ao sofrer de um jeito certo, sofremos menos, pois descobrimos uma sabedoria para lidar com a dor.O sofrimento é uma espécie de inadequação; toda vez em que eu o experimento é porque existe alguma coisa inadequada dentro de mim. Eu compreendo que o sofrimento seja uma das causas de derrota para as pessoas, porque, nem sempre, conseguimos sofrer de um jeito certo. Por isso, eu quis refletir sobre isso; nem é tanto porque nós sofremos, mas como sofremos.cancaonova.com: Por que a dor, o sofrimento e as tragédias ganham tanta relevância e destaque na mídia?
Padre Fábio: Quando vemos um sofrimento estampado na televisão, nós reconhecemos uma dor que é nossa também, ou, então, quase uma espécie de indignação ao ver os caminhos do mundo, as escolhas que fazemos e como vamos construindo a própria experiência de viver. Por isso, o sofrimento será sempre uma notícia que vai nos causar alarde; é o momento em que nós reconhecemos a crueza da nossa humanidade. As pessoas são mais destaque quando elas são sofridas, principamente quando conseguem dar um significado bonito ao sofrimento e fazem dele uma uma fonte de transição. Aí essa pessoa realmente entra na história, porque ela se diferencia do contexto das pessoas comuns.
cancaonova.com: Diante de tanto sofrimento que a vida nos impõe, o senhor acredita que é possível sermos realmente felizes?
Padre Fábio: O tempo todo. Acho que a felicidade é uma espécie de susto; quando você vê, já aconteceu. Ela é justamente uma construção pequena de todos os dias. É como se estivéssemos fazendo uma casa que, a cada dia, precisamos fazer mais um pouquinho. A felicidade não é o resultado da "casa final", mas a alegria de saber que você a está construindo. É isso que nos faz felizes. Muitas vezes, nós não nos sentimos felizes porque compreendemos que a felicidade é um destino final, mas não o é; é o processo que nos realiza.cancaonova.com: Não corremos o risco de nos tornar masoquistas ao pensar que o sofrimento é bom?
Padre Fábio: Não creio. Eu acredito que não se trata de correr atrás do sofrimento, mas de acolhê-lo do jeito certo. Há sofrimentos que nos redimem e sofrimentos que nos destroem. O sofrimento, em si, é ruim, ele não é benéfico; mas, a partir do momento em que ele aponta para uma melhora, ele vira uma bênção para nossa vida.
cancaonova.com: Em seu livro, o senhor fala muito sobre limites. O que impulsiona o ser humano a buscar sempre a superação de seus limites?
Padre Fábio: Todo ser humano que tem boa consciência do limite é um ser humano que está num processo de aperfeiçoamento.Eu sei que tenho limites, mas eu os respeito; não tenho medo deles. Então, a partir disso, estabeleço metas de superação e, quando consigo isso, o limite deixa de me condicionar. Eu continuo limitado, mas não estou condicionado a ele [limite], porque eu consegui uma possibilidade boa de lidar com as coisas que me limitam.
cancaonova.com: Qual o grande sofrimento do homem moderno?
Padre Fábio: A experiência de ser "líquido". Um sociólogo polonês faz uma análise muito interessante das realidades modernas e contemporâneas a partir da realidade líquida. Ele afirma que o grande sofrimento do ser humano, nos dias de hoje, é justamente sentir-se temporário demais, ele passa muito rápido e isso faz com que ele se experimente ainda mais limitado. É tudo mais difícil nos dias de hoje, como segurar os relacionamentos do mundo atual, justamente porque está tudo muito "líquido", muito rápido. E quando essa estrutura de mundo se volta contra nós, não sabemos como reagir, porque criamos um estrutura de mundo rápida, muito em série. Mas, na verdade, o ser humano deseja viver de maneira artesanal, ele quer um amor para si, ele quer um espaço que seja dele. No entanto, infelizmente, o mundo tem ameaçado tudo isso, sobretudo no que diz respeito à estabilidade dos relacionamentos.
cancaonova.com: Qual o significado da palavra sofrimento e sacrifício na vida de um sacerdote?
Padre Fábio: As palavras "sacrifício" e "sofrimento" são muito próximas, sacrificar é você se tornar santo, é você tirar do contexto do profano e colocá-lo no lugar do sagrado; sacrifício é isso, algo que é profano vai ficar santo. Sofrimento é isso também, é eleger uma matéria pela qual nós queremos nos sacrificar. Acho que na minha vida o sofrimento entra assim como uma realidade que me sacrifica. Assim, eu descubro nos sofrimentos que eu enfrento uma forma de alcançar a santidade tão desejada.
cancaonova.com: Como conscientizar as pessoas de que é possível olhar o sofrimento de uma maneira diferente?
Padre Fábio: Abrindo a cabeça delas, porque a conversão passa pela nossa cabeça. Dizem que Deus mudou o nosso coração, mas, na verdade, o que Ele muda é a nossa forma de pensar. O ser humano verdadeiramente convertido é aquele que está pensando diferente, está pensando como Deus. O Cristianismo tem essa pretensão. No momento em que eu modifico minha maneira de interpretar a dor e o sofrimento, eu começo a adentrar a mística do Cristianismo. Não é uma apologia ao sofrimento, mas uma resignificação dele. Jesus, ao morrer por uma causa, nos ensina que quando sofremos por aquilo que amamos, nós estamos crescendo como pessoa. Eu acho que essa é a pretensão: ajudar as pessoas a serem capazes de crescer e amadurecer a partir do que elas amam e que, para elas, é sagrado.
Entrevista com Padre Fábio de Melo - Site Canção Nova
Entrevista com padre Fábio de Melo
Site Canção Nova - Portal Entrevistas
03/11/08
As múltiplas faces do sofrimento, sua natureza e a importância de assumi-lo são os assuntos abordados por padre Fábio de Melo em seu mais recente livro "Quando o sofrimento bater à sua porta". De acordo com o sacerdote, o sofrimento é destino inevitável, por ser fruto do processo que nos torna mais humanos.
O escritor, pregador, professor e músico ressalta que a obra não visa retirar a dor das pessoas, mas é uma forma de ajudá-las a encontrar um caminho, porque "ao sofrer de um jeito certo, sofremos menos, pois descobrimos uma sabedoria para lidar com a dor", destaca.
Nesta entrevista, ele também conta qual o significado da palavra "sofrimento" e "sacrifício" na vida de um sacerdote e o porquê de o homem moderno ser vítima de tantos infortúnios.
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cancaonova.com: Por que o senhor escolheu o sofrimento como tema deste livro?
Padre Fábio: Talvez porque eu tenha um contato tão direto com ele. Ser padre é, de alguma forma, ser psicólogo, porque as pessoas me procuram para contar suas dores. Escrever um livro falando disso é uma forma de fazer justiça, de fazer as pessoas buscarem caminhos que possam ajudá-las a sofrer com qualidade. O livro não retira o sofrimento de ninguém, mas é uma forma de ajudar as pessoas a encontrar um caminho, porque, ao sofrer de um jeito certo, sofremos menos, pois descobrimos uma sabedoria para lidar com a dor.O sofrimento é uma espécie de inadequação; toda vez em que eu o experimento é porque existe alguma coisa inadequada dentro de mim. Eu compreendo que o sofrimento seja uma das causas de derrota para as pessoas, porque, nem sempre, conseguimos sofrer de um jeito certo. Por isso, eu quis refletir sobre isso; nem é tanto porque nós sofremos, mas como sofremos.cancaonova.com: Por que a dor, o sofrimento e as tragédias ganham tanta relevância e destaque na mídia?
Padre Fábio: Quando vemos um sofrimento estampado na televisão, nós reconhecemos uma dor que é nossa também, ou, então, quase uma espécie de indignação ao ver os caminhos do mundo, as escolhas que fazemos e como vamos construindo a própria experiência de viver. Por isso, o sofrimento será sempre uma notícia que vai nos causar alarde; é o momento em que nós reconhecemos a crueza da nossa humanidade. As pessoas são mais destaque quando elas são sofridas, principamente quando conseguem dar um significado bonito ao sofrimento e fazem dele uma uma fonte de transição. Aí essa pessoa realmente entra na história, porque ela se diferencia do contexto das pessoas comuns.
cancaonova.com: Diante de tanto sofrimento que a vida nos impõe, o senhor acredita que é possível sermos realmente felizes?
Padre Fábio: O tempo todo. Acho que a felicidade é uma espécie de susto; quando você vê, já aconteceu. Ela é justamente uma construção pequena de todos os dias. É como se estivéssemos fazendo uma casa que, a cada dia, precisamos fazer mais um pouquinho. A felicidade não é o resultado da "casa final", mas a alegria de saber que você a está construindo. É isso que nos faz felizes. Muitas vezes, nós não nos sentimos felizes porque compreendemos que a felicidade é um destino final, mas não o é; é o processo que nos realiza.cancaonova.com: Não corremos o risco de nos tornar masoquistas ao pensar que o sofrimento é bom?
Padre Fábio: Não creio. Eu acredito que não se trata de correr atrás do sofrimento, mas de acolhê-lo do jeito certo. Há sofrimentos que nos redimem e sofrimentos que nos destroem. O sofrimento, em si, é ruim, ele não é benéfico; mas, a partir do momento em que ele aponta para uma melhora, ele vira uma bênção para nossa vida.
cancaonova.com: Em seu livro, o senhor fala muito sobre limites. O que impulsiona o ser humano a buscar sempre a superação de seus limites?
Padre Fábio: Todo ser humano que tem boa consciência do limite é um ser humano que está num processo de aperfeiçoamento.Eu sei que tenho limites, mas eu os respeito; não tenho medo deles. Então, a partir disso, estabeleço metas de superação e, quando consigo isso, o limite deixa de me condicionar. Eu continuo limitado, mas não estou condicionado a ele [limite], porque eu consegui uma possibilidade boa de lidar com as coisas que me limitam.
cancaonova.com: Qual o grande sofrimento do homem moderno?
Padre Fábio: A experiência de ser "líquido". Um sociólogo polonês faz uma análise muito interessante das realidades modernas e contemporâneas a partir da realidade líquida. Ele afirma que o grande sofrimento do ser humano, nos dias de hoje, é justamente sentir-se temporário demais, ele passa muito rápido e isso faz com que ele se experimente ainda mais limitado. É tudo mais difícil nos dias de hoje, como segurar os relacionamentos do mundo atual, justamente porque está tudo muito "líquido", muito rápido. E quando essa estrutura de mundo se volta contra nós, não sabemos como reagir, porque criamos um estrutura de mundo rápida, muito em série. Mas, na verdade, o ser humano deseja viver de maneira artesanal, ele quer um amor para si, ele quer um espaço que seja dele. No entanto, infelizmente, o mundo tem ameaçado tudo isso, sobretudo no que diz respeito à estabilidade dos relacionamentos.
cancaonova.com: Qual o significado da palavra sofrimento e sacrifício na vida de um sacerdote?
Padre Fábio: As palavras "sacrifício" e "sofrimento" são muito próximas, sacrificar é você se tornar santo, é você tirar do contexto do profano e colocá-lo no lugar do sagrado; sacrifício é isso, algo que é profano vai ficar santo. Sofrimento é isso também, é eleger uma matéria pela qual nós queremos nos sacrificar. Acho que na minha vida o sofrimento entra assim como uma realidade que me sacrifica. Assim, eu descubro nos sofrimentos que eu enfrento uma forma de alcançar a santidade tão desejada.
cancaonova.com: Como conscientizar as pessoas de que é possível olhar o sofrimento de uma maneira diferente?
Padre Fábio: Abrindo a cabeça delas, porque a conversão passa pela nossa cabeça. Dizem que Deus mudou o nosso coração, mas, na verdade, o que Ele muda é a nossa forma de pensar. O ser humano verdadeiramente convertido é aquele que está pensando diferente, está pensando como Deus. O Cristianismo tem essa pretensão. No momento em que eu modifico minha maneira de interpretar a dor e o sofrimento, eu começo a adentrar a mística do Cristianismo. Não é uma apologia ao sofrimento, mas uma resignificação dele. Jesus, ao morrer por uma causa, nos ensina que quando sofremos por aquilo que amamos, nós estamos crescendo como pessoa. Eu acho que essa é a pretensão: ajudar as pessoas a serem capazes de crescer e amadurecer a partir do que elas amam e que, para elas, é sagrado.
Eu, quando visto pelo outro.
Quem sou eu? Eu vivo pra saber. Interessante descoberta que passa o tempo todo pela experiência de ser e estar no mundo. Eu sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que sou. Partes que se complementam.
O interessante é que a matriz de tudo é o "ser". É nele que a vida brota como fonte original. O ser confuso, precário, esboço imperfeito de uma perfeição querida, desejada, amada.
Vez em quando, eu me vejo no que os outros dizem e acham sobre mim. Uma manchete de jornal, um comentário na internet, ou até mesmo um email que chega com o poder de confidenciar impressões. É interessante. Tudo é mecanismo de descoberta. Para afirmar o que sou, mas também para confirmar o que não sou.
Há coisas que leio sobre mim que iluminam ainda mais as minhas opções, sobretudo quando dizem o absolutamente contrário do que sei sobre mim mesmo. Reduções simplistas, frases apressadas que são próprias dos dias que vivemos.
O mundo e suas complexidades. As pessoas e suas necessidades de notícias, fatos novos, pessoas que se prestam a ocupar os espaços vazios, metáforas de almas que não buscam transcendências, mas que se aprisionam na imanência tortuosa do cotidiano. Tudo é vida a nos provocar reações.
Eu reajo. Fico feliz com o carinho que recebo, vozes ocultas que não publico, e faço das afrontas um ponto de recomeço. É neste equilíbrio que vou desvelando o que sou e o que ainda devo ser, pela força do aprimoramento.
Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo. Ou porque sou projetado melhor do que sou, ou porque projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. Os outros me imaginam. Inevitável destino de ser humano, de estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender as mãos, encurtar distâncias.
Somos vítimas, mas também vitimamos. Não estamos fora dos preconceitos do mundo. Costumamos habitar a indesejada guarita de onde vigiamos a vida. Protegidos, lançamos nossos olhos curiosos sobre os que se aproximam, sobre os que se destacam, e instintivamente preparamos reações, opiniões. O desafio é não apontar as armas, mas permitir que a aproximação nos permita uma visão aprimorada. No aparente inimigo pode estar um amigo em potencial. Regra simples, mas aprendizado duro.
Mas ninguém nos prometeu que seria fácil. Quem quiser fazer diferença na história da humanidade terá que ser purificado neste processo. Sigamos juntos. Mesmo que não nos conheçamos. Sigamos, mas sem imaginar muito o que o outro é. A realidade ainda é base sólida do ser.
Fonte : Blog - Site Padre Fabio de Melo